segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

UMA VIAGEM FILOSÓFICA - Einstein, Kant, Huxley, Rohden, Spinoza, Caio e Juliano


Graça e Paz Pastor Caio!

Postei no meu blog, um texto onde escrevi alguns comentários dos filósofos, e também sua refutação quanto provar a existência de Deus - Deus não existe, Ele é!
Gostaria antes de mais nada pedir sua liberação para colocar trechos de seus textos em meu blog.
Segue o texto que escrevi:

A visão dos Filósofos sobre Deus – E a “existência” de Deus
Uma viagem filosófica
Einstein, Kant, Huxley, Rohden, Spinoza, Caio e Juliano.



Quando, olhamos para toda a Criação, e para os Cosmos criados – ou creados, como diz o filósofo Huberto Rohden – tentamos entender seu funcionamento, ou ainda, imagina-se quem criou tudo isso! Nós, que cremos na Bíblia, como revelação de Deus, acreditamos realmente que tudo foi criação de Deus. Mas secularmente falando, os filósofos, os meta-físicos, os físicos e outros, ainda tentam encontrar a Causa inicial para os efeitos que vemos hoje em toda a criação. Buscam nas facticidades as respostas para encontrar a Realidade.

Olhando tudo isso, e estudando muitos dos conteúdos destes homens, vou tentar em poucas palavras colocar o que alguns pensam a respeito de Deus e a comunicação com Ele, e juntamente concluir com o nosso pensamento, e de outros também.

*Nota: Antes de mais nada precisamos notar que a substituição da palavra tradicional latina crear pelo neologismo moderno criar é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a alfabetização e dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível de cultura superior, porque deturpa o pensamento.

Crear é manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência. O Poder Infinito (Deus) é o creador do Universo – um fazendeiro é um criador de gado.

Sendo assim, eles dizem que o homem pode ter um encontro com Deus, a partir de que se concentre, e entre em absoluto silêncio. Eles crêem que, segundo Spinoza, Deus é a Alma do Universo. Huberto Rohden diz que Deus é o Eu – Cósmico. Albert Einstein sob influência de Spinoza diz que Deus é a Suprema Realidade, a Verdade Absoluta, onde acredita que a matemática, quando totalmente abstrata, é o contato direto e imediato com a alma da Realidade Universal, para além de todas as Facticidades concretas.

Para entendermos estes termos, precisamos entender a palavra Universo. O Cosmos ou Mundos (todo universo creado) é um sistema bipolar, composto do Uno da causa e do Verso dos efeitos. O Uno pode ser chamado Fonte (Deus), e o Verso (creação) são os canais. A própria palavra Verso quer dizer “derramado”, sendo o particípio passado do verbo latino “vertere”, que significa efundir, derramar. Assim, a própria filologia do termo nos dá o sentido exato da sua significação. A única fone do Uno se efunde pelos canais múltiplos do Verso. O Uno é o mundo da Causa Infinita, o Verso é o mundo dos efeitos finitos.

Dizem que os fatos Verso não favoreciam o valor Uno; o caminho do Uno para o Verso era da razão intuitiva, mas o caminho do Verso para o Uno seria de inteligência analítica – e este caminho é inviável.

O homem meramente intelectual tem apenas o que poderíamos chamar de “ex-tuição”, ao passo que o homem racional tem “in-tuição”, a visão de dentro, que parece ser uma invasão de fora. Para que a intuição possa funcionar, a ex-tuição tem que ser reduzida ao mínimo, mesmo a zero. Onde tendo feito isso possa ter um encontro, ou uma inundação do Uno ao Verso.

Outros ainda dizem sobre o paradoxo do ego-pensante e do cosmo-pensado. No primeiro caso, confia o homem exclusivamente no poder do seu próprio pensamento, da sua egoidade humana, da sua atividade cerebral. É natural que este resultado, da ego-pensação não possa ser grande, que deva ser como um átomo em comparação com o Universo. Dizem que há pouquíssimos homens cosmo-pensado. Dizem que não são eles que com seu ego pessoal pensam, mas são pensados pelo poder do cosmos, pela Alma do Universo, suposto que eles permitam essa cosmo-pensação.

Este processo consiste em uma espécie de alargamento dos canais humanos para que as águas vivas da Fonte Cósmica possam fluir livremente por eles.

Neste caso é o Uno do Universo, a Alma invisível do Todo Poderoso que entre em ação, ao passo que os canais do Verso funcionem apenas como simples recipientes, veículos e transmissores. Quando o homem deixa de ser ego-pensante e passa a ser cosmo-pensado (também cosmo-vivido e cosmo-agido), sabe dos mistérios do cosmos mais do que através de 50 anos de ego-pensação.

Neste sentido, Einstein se coloque nesta categoria – de cosmo-pensado – devido dizer que as suas teorias foram todas uma revelação através de muitos minutos de intuição. Ele diz: “ Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar – e eis que a verdade me é revelada”.

Seria como estas 99 vezes ele se colocando como ego-pensante. Quando ele deixa de pensar, e se esvazia desta ego-pensação, ele mergulha em um momento de imenso silêncio, e sobre intuição – cosmo-pensado – vem à revelação de suas teorias.

O homem comum pensa que quanto mais ele aguçar seu esforço mental, tanto mais se aproxima da verdade. Ignora totalmente a distância entre o ego-pensante e o cosmo-pensado.

No cristianismo – dizem eles – esse fenômeno se chama revelação, inspiração ou outro nome que tenha, mas fundamentalmente trata-se do mesmo fenômeno: é a invasão da Alma do Universo dentro da consciência humana.

Neste sentido, dizem que a profunda vertical da experiência mística transborda sempre na vasta horizontalidade da vivência ética.

A consciência da paternidade única de Deus produz a ética da fraternidade universal dos homens.

Dizem ainda sobre a Infinitude da Realidade, do Ser Maior, da Luz Integral (Deus), e a finitude do homem. O chamado tempo e espaço que são reais somente para o homem. Neste ponto de vista cita-se Immanuel Kant, onde diz que o tempo e o espaço são categorias subjetivas dos nossos sentidos, e não realidades objetivas do mundo externo, ou seja, duração-dimensão, vive na permanente ilusão de que esta dupla sucessividade faça parte do mundo objetivo. Já observava Kant que nada é sucessivo em si, mas tudo é sucessivo em mim; a pseudo-sucessividade está nos meus sentimentos, não na realidade; esta é totalmente simultânea independente de tempo(sucessividade duracional), e de espaço (sucessividade dimensional). A simultaneidade induracional se chama “Eterno” (ausência de tempo), e a simultaneidade indimensional se chama “Infinito” (ausência de espaço).

Porque é que o homem é uma permanente vítima da ilusão de tempo e espaço?
A fim de existir como indivíduo!

Os nossos sentidos, diz Aldous Huxley, são válvulas de redução e de retenção, graças às quais o homem existe como indivíduo (ex-sistir = ser colocado para fora). Se o homem sofresse o impacto total da Realidade, da Luz integral do Ser, seria aniquilado. O homem existe graças a suas limitações. Tempo e espaço são como luzes suavemente dosadas para que o indivíduo possa suportá-las indene.

Assim sendo, o homem existe, por estar restrito ao tempo e ao espaço do aquém. Porém Deus – a Alma do Universo – “é” por estar além, no Infinito e Eterno.

Voltando ao sentido da relação do homem com o Uno (Deus), um filósofo diz que para conseguir ter este contato é necessário mergulhar em um profundo silencio. Um dos maiores tesouros que o Cristianismo oficial perdeu nestes últimos séculos, foi, sem dúvida, o tesouro do silêncio dinâmico. E talvez seja esta uma das principais razões da sua ineficiência na sociedade humana, afirma ele.

Meditar não é pensar. Meditar é esvaziar-se totalmente de qualquer conteúdo do ego e colocar-se, plenamente consciente, como canal vazio, diante da plenitude da Fonte, ou em linguagem da Sagrada Escritura: “Sê quieto – e saberá que Eu sou Deus”. Ou ainda: “Deus resiste aos soberbos (ego-plenos) e da sua graça aos humildes (ego-vácuos)”. Segundo a eterna matemática cósmica, a cosmo-plenitude plenifica somente a ego-vacuidade, mas não plenifica a ego-plenitude.

O silêncio-presença e o silêncio-plenitude são uma ausência e uma vacuidade do ego humano que tem intenso desejo da Teo-presença e da Teo-plenitude.

O Uno do Universo é absoluto e eterno silêncio, e tanto mais favorável é a invasão do Uno no Verso quanto mais silencioso for este. Convém lembrar que esse silêncio não é ausência e vacuidade, mas é presença e plenitude. O mais intenso silêncio do Uno é a mais absoluta presença e a mais total plenitude.

Neste sentido, de se provar a existência de Deus e Sua relação com as creaturas, como muitos teólogos fazem, eu tenho que discordar com eles. Vemos os filósofos crendo de uma forma muito mais intrínseca em Deus, do que muitas vezes, os cristãos. Devido à ignorância de uns, e o ego de outros em procurar provar com seu intelecto a existência de Deus.

Como diz o pastor Caio Fábio, Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda essência e existência. Portanto, argüir acerca da existência de Deus é o mesmo que negá-Lo.Deus não existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É. Existir é o que se deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.Deus não existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca houve algo dentro do que Deus tenha aparecido.Deus não existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.Se Deus existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e, portanto, essa coisa dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de deus.Existem apenas as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém, nunca existiu, pois Ele é.Sim, dizer que Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a própria negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o nega; posto que Deus não tem que ser afirmado, mas apenas crido.Deus É, e, portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os entes energéticos. Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e animal vivente. Existem vegetais, peixes, e organismos de toda sorte. Existem as partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas Deus não existe. Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o Seu Criador.Um Criador que existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras cósmico. Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior. Assim, quando se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a consciência acima expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus, mas o “Deus existente” criado pelos homens. Tal Deus morreu como conceito. Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato, nunca existiu — exceto na mente de seus criadores. Assim, o exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar Deus, tratando-o como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo Dele um algo, um ente, uma criatura de nada e nem ninguém, mas que também veio a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto, trata-se de Algo - Deus sobre o tal Deus que existe. A Escritura não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou qualquer coisa do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em Deus, e tal afirmação é do homem e para o homem — não para Deus —; pois se fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a existência de Deus dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem existe; exceto na mente de seus criadores. Deus não existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem. Deus, porém, não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação. Defender a existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos de estudo. Por isto, dizer: “Deus existe e eu provo” — é não só estupidez e burrice; mas é, sem que se o queira, parte da profissão de fé que nega Deus; pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que apresenta a prova, faz a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir... e ou ser.O que “existe”, pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus, porém, não está; posto que Ele É.Ser e estar não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao que é apenas porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É.“E quem direi que me enviou?” — perguntou Moisés. “Dize-lhes: O Eu sou me enviou a vós outros!” — disse Ele.Desse modo, Deus não diz “Eu Estou”, mas sim “Eu Sou”. Ora, um Deus que está, não é, mas passou a ser. Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das coisas verificáveis; posto que Aquele que É, não está; pois se estivesse, seria —, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as existências, sendo Ele apenas um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem — mas sem poder dizer Eu Sou!Jesus também falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da ressurreição pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele respondeu: “Não lestes o que está escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus de vivos, e não de mortos; pois para Ele todos vivem”. Assim, os que vivem para sempre são os que são em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra sempre, mas ser em Deus.Assim, para viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de poder mergulhar naquilo que está pra além do que existe; posto que É. A morte pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de fato É. O que existe carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente, mas sim ao que É. Quando falo de vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida dentro da existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é para além da existência constatável.
Enfim, qualquer deus materialmente ou mentalmente fabricado é pseudo-deus, um ídolo. O Deus verdadeiro não é objeto dos sentidos ou da mente. Ele é a infinita e única Realidade que se revela por intuição espiritual. E por isso mesmo, o Deus verdadeiro não é pensado nem pensável, não pode ser dito por ser invisível. Tudo que é pensável ou dizível é uma facticidade ilusória, mas não é a realidade verdadeira.

O homem verdadeiramente religioso é, pois, um homem espiritual no sentido de não por em dúvida a importância e sublimidade dessa realidade supra-personal e seu escopo – importância essa que não é suscetível nem carece de demonstração científica. Essa Realidade existe para ele com a mesma necessidade e evidência com que ele mesmo existe.

Dessa forma poderíamos concordar com Einstein: “Deus é a Lei e o Legislador do Universo”. “Diante de Deus todos somos igualmente sábios e igualmente tolos”.

Na Graça Daquele, que É pra além da existência da nossa percepção!

Juliano Marcel
(com a colaboração de Albert Einstein, Immanuel Kant, Aldous Huxley, Huberto Rohden, Spinoza e Caio Fábio – conforme seqüência em foto)

02/08/07
Bragança Paulista

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Sobre as afirmações acima, sem comentar sobre o seu texto, que o senhor já deve ter reconhecido, o que o senhor pensa sobre esta forma de ver Deus, como a Alma do Universo, e sobre o ego-pensante e o cosmo-pensado?

Abraços pastor Caio!!!!
Receba meu carinho!!!
Beijos.......
Juliano Marcel
"Só os otimistas conseguem extrair força do fracasso, para triunfarem da próxima vez".
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Resposta:
Meu querido mano: Graça, Paz e Revelação!
Deus é espírito, não alma. A alma depende do espírito. A alma depende do corpo. A alma é vivente (existente), mas o espírito é que é vivificante.
Assim, o Deus Alma do Universo é um ente do Universo — sendo “seu” entusiasmo, “sua” emoção, “sua” moção, “sua” pulsão, “sua”..., sempre “sua” em relação a “seu” pertencimento ao Universo.
A distinção que Paulo faz entre “alma vivente”, de um lado (relacionada ao criado, no caso, a Adão); e, de outro lado, a “espírito vivificante” (relacionado a Jesus, o Creador) — estabelece com clareza que alma decorre do espírito; sendo neste caso a designação de Deus como Alma do Universo no mínimo pobre.

Deus é espírito.

É espírito em diferença absoluta do que no ser humano o espírito é — posto que o espírito humano é-sendo; e Deus É para além do ser-sendo; pois tudo o que é-sendo é criado.

O Deus Alma do Universo decorre de uma noção basicamente Hindu da existência. Afinal, na perspectiva hindu clássica Deus apenas se pode ser a Alma do Universo — uma espécie de Mahatma Gandhi Impessoal-Cósmico; ou seja: o Grande Emulador não-pessoa da Existência — pois, numa visão panteísta da Existência (deus é tudo e tudo é deus), o melhor que se pode intuir sobre Deus é que ele seria a alma permeante de tudo o que existe, sendo assim também existente em tudo o que existe. Portanto, sendo... — e nunca apenas e sobretudo o Eu Sou.

Sobre o ego-pensante e o cosmo-pensado, creio que Albert Einstein está certo quando ilustra tal diferenciação mencionando sua experiência de pensar e ser pensado: “Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar – e eis que a verdade me é revelada”.

Agora mesmo ao responder sua carta pouco estou pensando, pois, desde sempre, percebi que o muito pensar produz muito pouco quando se trata de Deus; visto que de fato não há nada a ser pensado sobre Deus.

O Deus pensado pelo homem é um criado creado pelo homem. Sim! Tanto é uma “creação” do homem como originador de “tal Deus”; como também é ele criado do homem, visto que existe para e pelo homem; e, sem o homem, “tal Deus” não está, posto que não É.

Eu creio que acerca de Deus tudo o que pode existir é decorrente do Pensado antes do pensamento. Ou seja: decorre de Revelação.

Ora, revelação por natureza é algo Pensado e mostrado ao pensante. Entretanto, o pensamento do pensante que recebe o Pensado sem esforço, funciona não como causa do recebimento do Pensado, mas como meio de sua expressão relativa no mundo dos sentidos contidos no tempo e no espaço.

Ora, o conceito de Pensado como tendo relação com o esvaziamento do intelecto presunçoso do poder do pensar, corresponde exatamente ao que se ensina sobre a Graça como favor imerecido; ou seja, no nosso caso, como um Favor Imerecido não pensado pelo homem, mas Pensado por Deus.

Assim foi que Jesus disse que o escriba, o sábio e os pensadores passaram ao largo da revelação em razão de seus egos-inflados, porém, os humildes, os de ego-ensinável em razão de serem abertos e não sistêmicos, receberam e recebem a revelação; ou seja: o Pensado.

Por isso creio também que a meditação não é pensar, mas abrir-se para o todo, pela via do descanso e do amor.

É do descanso que ama que nasce a meditação que enche o ser do Pensado; ou seja, da revelação.

Entretanto, não é a meditação como arte e disciplina o que provoca a revelação, posto que a revelação tem sua origem no indevassável mistério do conhecimento de Deus sobre o homem; e não o contrário.

A Encarnação é a manifestação absoluta do Pensado no ambiente relativo do tempo e do espaço. Assim se sabe que o Pensado é independente de qualquer processo humano; pois, como disse Paulo: “Quem subiu aos céus, isto é, para trazer Jesus ao mundo? Ou quem desceu ao abismo, isto é, para trazer a Jesus dentre os mortos?”

O Pensado pensa o que quer; mas os que pensam nada sabem acerca disso!

Por isto, Isaías diz que os pensamentos de Deus não são como os dos homens, assim como os caminhos de Deus diferem totalmente dos nossos.

Espero ter contribuído de alguma forma. Para muitos parece luxo inócuo do refletir isso de que aqui tratamos. Entretanto, tudo o que disse, você bem sabe, nada mais que aquilo que do Evangelho nos é Pensado; ou seja: revelado.



Nele, que É; e em Quem tudo mais só é-sendo Nele,
Caio
02/08/07
Lago Norte
Brasília

sábado, 28 de julho de 2007

ESMURRO O MEU CORPO


Esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que depois de ter pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado...


Paulo


Declaração como a de Paulo acima é objeto de rejeição natural por parte de quase todas as escolas de psicologia e psicanálise.


O que se diz é que se trata de um comportamento de repressão instintual, em razão de que para Paulo o “corpo” existiria em contraposição ao espírito; e, assim sendo, Paulo diria “não” a todas as suas pulsões instintuais, quase todos “imorais” ou “a-éticas”, e, portanto, contrarias ao comportamento cristão, mas cuja supressão ou repressão seriam extremamente danosa ao ser, fosse gerando sombra, fosse criando um neurótico do são comportamento.


Mas a revelação do sentido da saúde humana no Evangelho nem sempre leva sempre em consideração os axiomas das ciências da alma.


Para Jesus, por exemplo, para o bem do ser, há coisas, membros, pulsões, desejos, caprichos, poderes, etc. que precisam ser cortados de nós (mãos, pés, olhos) a fim de que não se perca a inteireza do ser. Ora, isto é ante “psicológico”.


Paulo diz o que acima declarou. Esmurrava e reduzia os âmbitos das pulsões e dos desejos a fim de não se tornar escravo enquanto falava de liberdade. Ora, isto também não é “psicologicamente sadio”, diriam muitos.


Entretanto, no próprio texto, Paulo admite que haja um eu profundo que faz a gestão do que é meu (corpo), mas não sou eu. Sim! É meu, mas não sou eu.

É o “meu” contra o que sou “eu” justamente aquilo que, em nome do meu, se impõe contra a vida, como direito do instinto, expresso na linguagem do “corpo”.


Há, todavia, um eu (eu reduzo meu corpo à escravidão), o qual não é instintual no desejo, mas consciente nas decisões que toma visando algo maior e mais elevado do que a basicalidade do instinto sem dono.

Assim ficaria o texto de Paulo:


Eu esmurro o meu corpo e eu o reduzo à escravidão, para que depois de eu ter pregado a outros, eu não venha a ser desqualificado...


Desse modo há um eu que deve ser maior do que o que é meu sem ser eu, no sentido mais profundo do termo.


O que de fato gera sombra e neurose no ser não é a negação do instinto quando deseja colocar o eu sobre a escravidão dos desejos e caprichos.


O que gera sombra e neurose é justamente negar ao eu a verdade, entregando-se aos desejos caprichosos como se fossem essenciais e senhores de nosso sentido de ser.


Ou então, neurose e sombra crescem em nós quando entramos no processo de negação da verdade em razão de que nos submetamos às leis externas da moral e do capricho, quando elas nada têm a ver com a verdade do Evangelho.


Hoje há muita gente pensando que liberdade em Cristo é a graxa que enseba nossos caprichos como se fosse unção para pecar, e isso sem nem mesmo se ter a consciência de que se está pecando contra o sentido da vida.

Também há daqueles que chamam o que é meu como se fosse o que seja eu. O meu é meu, mas não sou eu. Eu sou maior do que o que é meu. O eu não é feito de coisas que não sejam apenas o eu em essência.


Desse modo, sem neura e sem frouxidão, sou chamado a dizer não à escravidão dos desejos e caprichos que existem em mim apenas esperando serem chamados de “eu” pela minha entrega aos caprichos.


Quem assim entende, dá ao corpo (instinto) todas as comidas das quais o corpo-instinto se serve. De alimentos à sexualidade e sensorialidade sadios. Mas não se entrega aos desejos absurdos do corpo de escravidão.


O Evangelho, sendo seguido, não introjeta sombra quando alguém reduz o corpo à escravidão. O que introjeta sombra é moral como mentira, é a média das opiniões feitas lei, e sem razão de ser.


O que introjeta sombra é negação daquilo para o que a verdade diz sim, mas a moral diz não. É somente na luta contra a verdade que as sombras crescem em nós.

Pense nisso!


Nele, que é Aquele que disse que mãos, pés, e braços desarmônicos com o eu podem e devem ser amputados para que o eu fique inteiro,


Caio

06/05/07
Lago Norte
Brasília

segunda-feira, 25 de junho de 2007

AME E FAÇA O QUE DESEJAR




“Ame e faça o que você quiser, pois nada do que você fizer por amor será pecado” — Agostinho.

Esta frase de Agostinho de Hipona é perfeita, embora seja muito mal vista e interpretada.
Ela é mal vista pelos que temem que esse chamado ao referendo do amor em todas as coisas, determinando o que convém e o que edifica, e não o que é lícito (legal) ou ilícito (ilegal) possa afrouxar os ânimos morais das pessoas, e, assim, conduzi-las a uma vida de auto-indulgência, caprichos e promiscuidade.
De fato, desde que Agostinho disse e escreveu isto, muita gente já usou tal dito para fazer o que é maldito.
Os mosteiros e monastérios medievais foram as muralhas que abrigaram tarados de toda Europa, que, nas caladas da noite, abusavam de crianças, ou entregavam-se ao sexo sádico e masoquista, antes de passarem o resto da noite infligindo chicotadas nas próprias costas.
Ao final, se questionados, diriam: Ame e faça o que você quiser, pois nada do que você fizer por amor será pecado.
Sempre que algum teólogo, sacerdote ou pastor começa a se preparar para uma vida de licenciosidade, a primeira coisa a ser feita, para remediar a alma em suas culpas e angustias, é ressuscitar Agostinho a fim de amparar a saúde da transgressão pela via do amor.
Então, dizem: Ame e faça o que você quiser, pois nada do que você fizer por amor será pecado.
Em síntese: por isto o texto de Agostinho é tão mal visto.
Eu disse, todavia, que o texto é perfeito no que diz, apesar das interpretações mal intencionadas ou dos ódios que ele recebe em razão da ignorância ou da insegurança pessoal dos o que o atacam.
Ele é perfeito porque ele diz o que a Palavra diz.
“O fruto do Espírito é amor... Contra o amor não há lei”, afirma Paulo.
“O amor não busca seus próprios interesses... O amor não faz injustiça... O amor não é feliz no mal... O amor só se plenifica na verdade... O amor espera... O amor não se amargura... O amor dura pra sempre...” — todas essas são afirmações de Paulo que deixam claro o que amor significa para todos quantos desejam amar de verdade a fim de ficarem livres para fazer o que desejarem.

Ora, se para você amor é assim, então, sem medo, vá e faça o que você desejar fazer tomado de amor, pois, assim, você jamais transgredirá.
Afinal, se amor é assim, e se creio que ele é assim, como posso evocar o amor a fim de justificar o rancor que meus caprichos criam em outros, ou o ódio que minhas transgressões geram nos corações feridos pelo exercício de minhas vontades egoístas?
No amor nem tudo é legal, mas nada é inconveniente ou destrutivo; pois, o amor não se conduz inconvenientemente e não se põe em ação a não ser para edificar.
Foi em amor assim que Jesus viveu e amou até o fim.
Viveu em fuga, foi perseguido, teve que se ocultar muitas vezes, recebeu inúmeras ameaças de morte, esteve no exílio, guardou segredo sobre seu paradeiro, etc.
Ou seja: era amor perseguido pela Lei, pelas leis e pela maldade dos homens.
Sim! Era amor em verdade contra toda mentira legal e contra toda aparência falsa. Porém, esse amor fugitivo, perseguido, fora da lei, e fora de mão, era o único caminhar sem pecado ou transgressão.
Assim, fique sabendo:
Ame e faça o que você quiser, pois nada do que você fizer por amor será pecado.

Nele, que é amor, e por isso não conhece pecado, e, portanto, é livre,

Caio
18/06/07
Lago Norte
Brasília

sábado, 2 de junho de 2007

METÁSTASE DE CÂNCER DE MUNDO


O espírito do mundo é fino como aquilo que não se pode ver.

Ele se apóia em todas as coisas que não sejam verdade.

Assim, virtualmente, apóiam-se em todas as coisas.

Desse modo, são leves brisas as forças que mais nos afastam do passo.

As tempestades são grotescas, caricatas.

Mas as brisas preguiçosas e que se esfregam por nós todos os dias, são as forças que mais nos deslizam sutilmente para fora do passo.

Desse modo, tudo de bom pode contribuir para o que é ruim; e o que é ruim para o que é bom; pois, tudo depende de quem recebe cada coisa, e de como a recebe.

Muitas bondades com o tempo podem se tornar algo ruim. E muitas maldades podem gerar algo bom.

Mas o bom sempre será bom, mesmo quando a bondade se torne algo ruim conforme uma outra interpretação. Assim como a maldade sempre será ela própria mesmo que algum bem seja apesar dela auferido por alguém.

Porém, penetrantes são as brisas geladas do espírito do mundo, as quais, penetrando por todas as nossas fragilidades, dão metástase de câncer de mundo por todo o ser.

Por vezes é frio. Ou pode ser como a lamina do calor mais indecifrável.

Entretanto, quando se percebe... — o espírito já vê através de nós e nós através dele.

Então, nesse ponto, somos conectados ao Espírito do Mundo, como um todo.

Ora, esse processo evolui em suas instalações em nós. Cresce na destruição da nossa simplicidade interior; e nos torna muitos, nos torna múltiplos, nos torna Legião.

Mas o pior nível de “conexão” com tal espírito, é quando a pessoa já não é mais nada além do vento do espírito do mundo.

Um zumbi dos modos, das modas, e dos moods dos tempos.

Então, cada vez mais a pessoa sente como o mundo. Encanta como o mundo, se fascina pelo mundo, se devota ao mundo, se sente parte do mundo, acha o máximo ser clone dos tempos, e fica a mercê dos sentimentos da geração prevalente.

Por isso Jesus mandou que nos acautelássemos das “conseqüências” das orgias, da embriagues e das dissoluções deste mundo.

Pois, basta que se fique vulnerável às “conseqüências”, que o espírito que corresponde ao que de concreto ele expressa no mundo, já encontra seu poder em nós, e se instala em estado delicadamente latente, mas pronto para emergir em nós.

É uma possessão existencial, psicológica, cultural e coletiva. Inconsciente e coletiva. Assim, ficamos sendo habitados pela latência de uma gestação perversa, pronta para eclodir tão logo as circunstancias a evoquem.

Como disse João: “Filhinhos, fujamos dos ídolos!”.

A defesa é uma só:

Discerni os espíritos e eles fugirão de vós!

Nele, Caio

15/05/07, Lago Norte- Brasília

segunda-feira, 14 de maio de 2007

HOMENS COMEM PÃO



“Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer; fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” Quando Jesus disse isto, falava de si mesmo, e, provavelmente, também estivesse resistindo a sedução dos gregos, que traziam-lhe agradável proposta de vida longa em Edessa. Grãos vivos estão mortos. Grãos mortos estão vivos. Pois a morte do grão é não morrer. E a vida do grão é morrer, para poder dá vida. Grão vivo está morto pela improdutividade. Grão morto está vivo pela frutuosidade. Por isso o grão vivo fica só; visto não gerar de si mesmo nenhuma espiga ou sementes, o que lhe poderia garantir a multiplicação da vida. A vida do grão não é viver, é dar vida! Em se tratando de “grão de trigo”, o caminho de sua morte põe pão em todas as mesas dos humanos. Jesus disse que Sua “sobrevivência” seria a Sua real morte; e que a Sua morte, seria a verdadeira vida para o mundo. Ele é o Grão de Trigo que morreu para dar o Pão da Vida a todos nós! Jesus também chamou os seus filhos de “trigo”. Mas, para nós, a “Parábola do Joio e do Trigo” parece só ter nos deixado com medo do joio, mas sem a alegria de ser trigo. Assim, o “joio” virou neurose, medo, angustia, e “suposto” objeto de perverso julgamento para muitos. Procurar o joio no chão da terra gera neurose e espírito de juízo para fora, e falta de auto-percepção para dentro. Já o trigo, em nossa pobre percepção, passou a ser apenas o que a gente pensa que é; mas que a maioria não sabe nem o que seja; e tanto faz, desde que não se seja "joio"--é o que se pensa. Assim é que quase todos querem é “achar o joio”, ao invés de viver a vida do trigo. Quem vive para não ser joio, nunca morrerá para ser trigo; e, assim, ficará só. A maior solidão do trigo é não morrer, é tentar sobreviver como grão, e não como espiga e novos grãos. Grãos de trigo que não morrem existem em profunda solidão. Apenas uma semente... Todos as sementes de trigos do campo do mundo precisam morrer para encher o mundo de trigo, e não de joio. É a sobrevivência do trigo, quando foge do rito sacrificial da vida, e também quando se evade de sua vocação para a morte-vida, aquilo que faz o joio crescer tanto. Assim, pela sobrevivência do trigo, cresce o joio... Mas a morte do grão de trigo enche o chão da vida de trigais, de tal sorte que o joio não acha luz para se manter em seu papel de “imitação da imagem do trigo”, seu disfarce de sobrevivência... Acerca de meu Luk-Luk eu disse o seguinte, na hora que voltamos do momento de plantar a sua semente morta, no chão da terra: “À semelhança de Sansão, mais foram os seus feitos na morte, do que durante toda a vida. É inegável o que a mão de Deus criou de Graça, encontros, reencontros, reconciliações, pedidos de perdão, confissões de amor, quebrantamento pela vida, avaliação acerca da banalidade de causas que ultimamente separavam amigos, e de amor por ele, Lukas, não apenas por seus pais e irmãos—foi algo absolutamente maravilhoso.” Os frutos que a morte do “grão-luk” gerou e está gerando são de magnitude inconcebível para todos nós. Eu, de minha parte, assisto perplexo os “muito frutos” que estavam presos em sua semente, agora liberados pela sua “morte”. Lukas nunca se preocupou com o joio do mundo; ele apenas queria ter existência de trigo. Ele só não sabia que, literalmente, seria a sua morte aquilo que liberaria tanta vida para o chão de “nosso mundo”, tanto familiar, quanto relacional, seja na geografia imediata do “campo onde estamos aqui plantados”, seja em “campos de distantes geografias”, de onde me vêm as notícias do “fruto de amor” que sua morte produziu. O fato é que o Lukas queria fazer algo grande. Ele só não sabia é que seria tão grande assim. Não é à toa que ele tenha partido para a casa do Pai justamente em frente à padaria onde ele e os irmãos compraram pão milhares de vezes. O nome da padaria é “Grão ao Pão”. Que grande significado! O “grãozinho” virou pão! Afinal, esta é a viagem...do grão ao pão...e, estranhamente, quis a mão de Deus que fosse ali a “porta de passagem”; talvez para que eu tivesse tantas simbolizações hoje acerca de sua existência, tão adubada por tantas emoções, e tão carregada de vida. Assim foi...do Grão ao Pão! Aquela esquina virou um lugar sacramental para mim. Nela ofereceu-se santa eucaristia de amor.

Que todos comam desse pão do amor!

Caio
2004

segunda-feira, 30 de abril de 2007

NÃO SE MATE. APENAS MORRA!

Jesus disse. Portanto, não adianta. Se não morrer, não nasce. Se não morrer, fica só. E não dá o fruto da vida, o fruto do ser, que é a manifestação crescente do ser na tomada da consciência transformadora. Mas se morrer, esse dá muito fruto; pois a vida da semente que hoje somos, só se manifesta se tivermos a coragem-fé de morrermos para a mentira de ser, entregando-nos à morte, que na existência significa a desistência de toda justiça própria, de toda auto-justificação, de toda fantasia sobre nós e o mundo; bem como das fantasias do “si - mesmo”; e também desistirmos das importâncias de nossos próprios pensamentos ou sentimentos, mergulhando assim no abismo da fé, que é chão para andar apenas segundo a Palavra.

Ora, esse morrer que faz nascer é crescente em nossa percepção. Mas se estabelece pela decisão interior que possamos fazer de buscar dar nome aos nossos sentimentos todos, sem deixarmo-nos levar pelos impulsos românticos e auto-enganados que nos afastem da verdade, ou que nos levem a fazer transferência de responsabilidade para fora de nós.
Nossa morte tem na Cruz sua expressão de poder e de inclusão. De inclusão pelo que Jesus fez; e de expressão de poder, pois, manifesta de modo histórico e dramático o e os atos de morte e de entrega que temos que fazer um dia, para termos que fazer todos os dias, sempre.
Jesus desconstituiu o poder da morte pelo poder de Seu viver-morrer sem o espírito da morte!
Mas nossa morte deve ser também desistência das vaidades e tolices das importâncias deste mundo.

Ora, isto significa somente celebrar em si mesmo o que é conquista da verdade interior.
Se o ser cresceu para dentro de Deus em conhecimento e amizade, então eu ganhei. Se não, então mesmo conquistando tudo ante todos, eu não ganhei nada.

Não há esforço em morrer. Para morrer basta desistir. Desistir, nesse caso, daquilo que é a morte se maquiando de vida.

O negócio não é se matar, é morrer!

Entretanto, se por todos os meios e modos o individuo não se move em seu ser, se não se converte, se não se deixa morrer, conforme o dia e a necessidade da hora — pode chegar a hora do amor de Deus se manifestar a ele como um morrer mortal, fulminante, existencialmente apocalíptico, a fim de sepultá-lo à força, posto que somente conhecendo a morte como manifestação candentemente dramática, essa pessoa morrerá, por já ter morrido para o mundo; e, assim, quem sabe, possa aproveitar a chance de ter sido feita morta de algum modo para a percepção dos outros, para, então, viver segundo Deus, conforme é o chamado da vida, e que pode ser atendido sem a necessidade de intervenções dramáticas de morte para a vida, mas apenas pela decisão-consciência-ato-verdade de todos os dias de nossa existência, entregando-nos ao morrer.

Se não for assim, tudo o mais de “bom” terá aparência de sabedoria, de piedade, de elegância, de intelectualidade, de fervor, de humanidade, de indulgência, de sensibilidade psicológica, de belas construções de sentimento, de leveza no dizer as coisas, de poesia, de bons ideais, de alvos estabelecidos; ou do oposto de tudo isso, o que nos levaria a mais indelével e charmosa anarquia — mas ainda deixa o individuo vivo para o “si - mesmo”.
Sim! Cada vez mais vivo segundo o “si - mesmo”; posto que o “si - mesmo” se alimenta de cada uma das coisas que eu acima mencionei.

Assim, termino como comecei, pois esta é uma viagem que vai espiralada na horizontal, e que cresce como se fosse um tubo que virará um cone, mas que leva a pessoa outra vez e outra vez pela mesma rota de antes, só que na dimensão de sua atual fase na jornada cronológica; ou seja: histórica.
Portanto, repito:

Não adianta. Se não morrer, não nasce. Se não morrer, fica só. E não dá o fruto da vida, o fruto do ser, que é a manifestação crescente do ser na tomada da consciência transformada e transformadora, em Cristo, conforme Jesus.
Em cada frase eu quis dizer o que disse. Assim, perdão, mas se não entendeu, leia outra vez.

Caio

27/04/07