quarta-feira, 18 de abril de 2007

A FÉ QUE VENCE O DIA MAL

Não dá para ser discípulo de Jesus e dizer que se crê Nele, e não confessar também que se crê que Ele é o Verbo encarnado que viveu entre nós, o qual levou sobre Si mesmo as nossas próprias iniqüidades, bem as iniqüidades de todos os humanos; e que ressuscitou ao terceiro dia, tendo aparecido de maneira não subjetiva aos Seus discípulos durante quarenta dias, comendo e bebendo com eles depois de vencer a morte; sendo Ele também visto quando era elevado às alturas, enquanto deixava a promessa de Sua Presença entre os que crêem, afirmando-lhes que receberiam o Poder do Espírito Santo para viver e testemunhar o Evangelho, ao mesmo tempo em que lhes garantia que Ele mesmo, e não outro, e do modo como ressuscitara, e não como uma energia vaga ou de discernimento subjetivo (posto que segundo Ele, na Sua volta, todo olho o veria) — voltaria outra vez. E isto tudo visceralmente ligado à certeza de nossa própria ressurreição da morte, se já estivermos mortos no corpo; ou de nossa transformação na semelhança do corpo do Cristo Ressuscitado, se ainda estivermos vivos na Terra — indo nós assim ao encontro Dele nos ares; e, desse modo, voltando a viver com Ele e com os homens neste planeta, a fim de provarmos o aperfeiçoamento da humanidade Nele.

Esta é a fé. É acerca dela que Paulo diz: “... porque eu recebi o que também vos entreguei”.

Daí em diante, tudo o mais tanto faz, pois já se está no ambiente da eternidade Nele.

Assim, se alguém crê nisto, crê na essência do Evangelho como poder e esperança. Se não crê, e ainda assim se diz cristão, tal pessoa apenas tem a crença latente na cultura do evangelho, e nada mais que isso. Entretanto, não tem a fé em Jesus como nossa esperança para viver, morrer, e transcender a morte, bem como a todos os seus derivados existenciais.

O mais, não ajuda mais do que qualquer boa filosofia ética pode ajudar. Sim! Sem a fé no que acima disse que é a essência da fé em Jesus, conforme o Ensino do Evangelho, tudo o mais que Jesus ensinou não é melhor do que o que Confúcio, Sidarta, ou Gandhi ensinaram e viveram.

Por isto é tão fácil para cristãos sem a esperança transcendente do Evangelho, conforme acima descrita, sentirem-se na mesma espiritualidade que pessoas de qualquer outra confissão; pois, nesses cristãos, a esperança morreu, a transcendência acabou, a alegria da eternidade pessoal em Cristo se desvaneceu, e sobrou apenas a boa e inofensiva ética de amor politicamente correto.

O chamado Movimento Ecumênico só é possível em sua abrangência e proposta, aos que, sendo cristãos, o são pela bondade da ética de Jesus, mas não em razão de crerem essencialmente na “loucura do Evangelho”.

Somente um ser desvairado em fé diz o que Paulo afirmou, ecoando as palavras e Jesus nos evangelhos:

1

Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais,

2

pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão.

3

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;

4

que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras;

5

que apareceu a Cefas, e depois aos doze;

6

depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram;

7

depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;

8

e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo.

9

Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus.

10

Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo.

11

Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.

12

Ora, se se prega que Cristo foi ressucitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos?

13

Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado.

14

E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.

15

E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados.

16

Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado.

17

E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados.

18

Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos.

19

Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.

20

Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.

21

Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.

22

Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados.

23

Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.

24

Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder.

25

Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés.

26

Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.

27

Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.

28

E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

29

De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?

30

E por que nos expomos também nós a perigos a toda hora?

31

Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de vós tenho em Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias.

32

Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.

33

Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.

34

Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.

35

Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm?

36

Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.

37

E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente.

38

Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.

39

Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes.

40

Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres.

41

Uma é a glória do sol, outra a glória da lua e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.

42

Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção.

43

Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder.

44

Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.

45

Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.

46

Mas não é primeiro o espíritual, senão o animal; depois o espiritual.

47

O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.

48

Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais.

49

E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial.

50

Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.

51

Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados,

52

num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.

53

Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.

54

Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória.

55

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

56

O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.

57

Mas graça a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.

58

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

Sem essa fé, dizendo-nos ‘cristãos’, tornamo-nos mais infelizes do que todos os demais seres humanos; pois, temos em nós a memória latente a fé ensinada por Jesus, embora, ao mesmo tempo, tenhamos feito uma triagem educada do ensino de Jesus, ficando para nós apenas aquelas coisas boazinhas e sem transcendência — ou seja: a ética da inofensividade.

Isto ao mesmo tempo em que a memória latente da fé original nos perturba, embora “nossa fé”, neste caso, não admita coisas que no passado teriam sido apenas o resultado de um estado psicológico exacerbado que acometera aos primeiros discípulos, em razão do impacto que o Jesus escatológico teria provocado neles.

Neste caso, devagar a alma vai se tornando alma de saduceu — sem fé em anjos, nem em espíritos e nem em ressurreição. Ou seja: uma fé sem transcendência alguma.

Eu jamais seria um cristão se não tivesse sido irremediavelmente apanhado pela certeza do testemunho do Evangelho acerca de Deus, de Jesus e da vida.

Eu jamais seria um cristão se não cresse no testemunho que Paulo dá acima acerca da esperança plena que existe em Jesus.

Eu jamais seria um cristão se apenas cresse que Jesus faz bem.

Sem a loucura mais louca do Evangelho não há fé no coração!

O Evangelho se estabelece em nós da Loucura para a Sanidade e não da Sanidade para a Loucura.

É a loucura do Evangelho que dá sentido à sua sanidade e bom senso. Porém, o bom senso sem a Loucura do Evangelho, nada mais é que ética de boa conduta, talvez da melhor conduta, mas não é esperança em movimento.

Quem não crê que Jesus voltará deveria desistir de crer que um dia Ele veio.

Se assim não for, a fé não passa de uma brincadeira de crianças alienadas, brincando de ciranda-cirandinha à beira do abismo.

Assim digo: o cristão mais alienado da verdade do Evangelho é aquele que diz que crê em Jesus, mas que não crê que ele é Ele; e que Ele ressuscitou da morte; e que apareceu objetivamente a homens por Ele escolhidos, dando-lhes mandamentos pelo Espírito Santo; e afirmando-lhes que Ele mesmo voltaria ante todo olho humano neste Planeta, a fim de trazer a vida que é.

Quem assim não crê, não é discípulo de Jesus, mas sim discípulo do fenômeno Jesus.

Quem assim não crê, embora se diga cristão, é infeliz em essência, e não tem carnegão para enfrentar o Dia Mal.

Nele, que Ressuscitou no corpo, no tempo e no espaço, e que voltará no corpo ressuscitado, no tempo e no espaço,

Caio

14/04/07

Lago Norte

Brasília