segunda-feira, 30 de abril de 2007

NÃO SE MATE. APENAS MORRA!

Jesus disse. Portanto, não adianta. Se não morrer, não nasce. Se não morrer, fica só. E não dá o fruto da vida, o fruto do ser, que é a manifestação crescente do ser na tomada da consciência transformadora. Mas se morrer, esse dá muito fruto; pois a vida da semente que hoje somos, só se manifesta se tivermos a coragem-fé de morrermos para a mentira de ser, entregando-nos à morte, que na existência significa a desistência de toda justiça própria, de toda auto-justificação, de toda fantasia sobre nós e o mundo; bem como das fantasias do “si - mesmo”; e também desistirmos das importâncias de nossos próprios pensamentos ou sentimentos, mergulhando assim no abismo da fé, que é chão para andar apenas segundo a Palavra.

Ora, esse morrer que faz nascer é crescente em nossa percepção. Mas se estabelece pela decisão interior que possamos fazer de buscar dar nome aos nossos sentimentos todos, sem deixarmo-nos levar pelos impulsos românticos e auto-enganados que nos afastem da verdade, ou que nos levem a fazer transferência de responsabilidade para fora de nós.
Nossa morte tem na Cruz sua expressão de poder e de inclusão. De inclusão pelo que Jesus fez; e de expressão de poder, pois, manifesta de modo histórico e dramático o e os atos de morte e de entrega que temos que fazer um dia, para termos que fazer todos os dias, sempre.
Jesus desconstituiu o poder da morte pelo poder de Seu viver-morrer sem o espírito da morte!
Mas nossa morte deve ser também desistência das vaidades e tolices das importâncias deste mundo.

Ora, isto significa somente celebrar em si mesmo o que é conquista da verdade interior.
Se o ser cresceu para dentro de Deus em conhecimento e amizade, então eu ganhei. Se não, então mesmo conquistando tudo ante todos, eu não ganhei nada.

Não há esforço em morrer. Para morrer basta desistir. Desistir, nesse caso, daquilo que é a morte se maquiando de vida.

O negócio não é se matar, é morrer!

Entretanto, se por todos os meios e modos o individuo não se move em seu ser, se não se converte, se não se deixa morrer, conforme o dia e a necessidade da hora — pode chegar a hora do amor de Deus se manifestar a ele como um morrer mortal, fulminante, existencialmente apocalíptico, a fim de sepultá-lo à força, posto que somente conhecendo a morte como manifestação candentemente dramática, essa pessoa morrerá, por já ter morrido para o mundo; e, assim, quem sabe, possa aproveitar a chance de ter sido feita morta de algum modo para a percepção dos outros, para, então, viver segundo Deus, conforme é o chamado da vida, e que pode ser atendido sem a necessidade de intervenções dramáticas de morte para a vida, mas apenas pela decisão-consciência-ato-verdade de todos os dias de nossa existência, entregando-nos ao morrer.

Se não for assim, tudo o mais de “bom” terá aparência de sabedoria, de piedade, de elegância, de intelectualidade, de fervor, de humanidade, de indulgência, de sensibilidade psicológica, de belas construções de sentimento, de leveza no dizer as coisas, de poesia, de bons ideais, de alvos estabelecidos; ou do oposto de tudo isso, o que nos levaria a mais indelével e charmosa anarquia — mas ainda deixa o individuo vivo para o “si - mesmo”.
Sim! Cada vez mais vivo segundo o “si - mesmo”; posto que o “si - mesmo” se alimenta de cada uma das coisas que eu acima mencionei.

Assim, termino como comecei, pois esta é uma viagem que vai espiralada na horizontal, e que cresce como se fosse um tubo que virará um cone, mas que leva a pessoa outra vez e outra vez pela mesma rota de antes, só que na dimensão de sua atual fase na jornada cronológica; ou seja: histórica.
Portanto, repito:

Não adianta. Se não morrer, não nasce. Se não morrer, fica só. E não dá o fruto da vida, o fruto do ser, que é a manifestação crescente do ser na tomada da consciência transformada e transformadora, em Cristo, conforme Jesus.
Em cada frase eu quis dizer o que disse. Assim, perdão, mas se não entendeu, leia outra vez.

Caio

27/04/07

domingo, 29 de abril de 2007

EVOLUÇÃO TEOLÓGICA: do aquário ao fundo do mar


Não sei o que dirão ao Eterno aqueles que em tempos do fim ainda passam a vida discutindo idéias e pensamentos vãos supostamente sobre Deus.

O Apocalipse está às portas, mas os teólogos e eruditos não têm tempo para as calamidades da vida. Preferem discutir se Deus sabe das calamidades, se se assusta com elas, ou se determina friamente se elas acontecem ou não. Também querem saber onde está a liberdade do homem num tempo em que a liberdade do homem está acabando com a Terra.

É como perguntar ao sol do meio dia de onde vem a luz?

O que vejo se assemelha de modo patético ao que aconteceu durante o naufrágio do Titanic. O navio naufragava, mas os homens ainda disputavam lugares, status, posições, paixões, bens, perolas e jóias; e, além de tudo, ainda tinham tempo para disputas pessoais e para a dedicação das ultimas energias ao espírito de vingança ou de prevalência sobre o próximo.

Assim, de modo semelhante, os teólogos discutem à beira do precipício.

Deveriam ser chamados de o Grupo de Reflexões sobre Deus antes do Fim. Ou, quem sabe, poderiam ser chamados de Os Calmos e Alienados Poetas Mortos. Ou ainda, como alguém já sugeriu, Grupo da Discussão Sobre o Destino Eterno de Deus.

O fato é que os temas que elegem, o tempo que gastam, os esforços intelectuais que dedicam, e a importância que atribuem a tais nulidades — é algo tão grandemente insólito ante os fatos dos Tempos, que fica difícil entender como pessoas que dizem crer no Evangelho, em Jesus e nas Escrituras, conseguem se dar ao Nada com tanta avidez. Só me é possível pensar que estão perdidos. Sim! Que não sabem o que está acontecendo!

Teólogos filhos do Seminário Titanic de Reflexão Teológica: ACORDEM. O NAVIO ESTÁ AFUNDANDO.

Na água gelada do naufrágio terá razão quem tiver se ajudado e ajudado outros, não quem morrendo de frio e congelando, disser: “Viu! Eu disse que o navio é que afundava e não o mar que tragava o navio!”. Isso enquanto o outro dirá: “Tolo! Eu falei que é o mar que traga o navio e não o navio que se enche do mar!”.

A conversa continua embaixo dágua!

Comprem os escafandros. Assim a discussão poderá continuar!

Com ironia esperançosa,

Caio,

26/04/07